7 anos passados, o que mudou?
Faz agora 7 anos que voltei ao
jardim, depois de 15 anos de prática educativa em contextos informais (animação
de rua, de mercados e tertúlias de adultos, todos processos ecoformativos).
Desde
então, o que mudou? Pois, acho que tudo e nada!!!
Voltei à minha prática educativa
de educadora de infância em contexto de jardim-de-infância da rede pública e
tive de, mais uma vez, fazer aquele exercício doloroso de reaprender a minha
profissão, desta vez, em contexto formal. Já dizia Christine Josso que, nos
tempos que correm, para aprender a aprender ao longo da vida, era necessário
“desaprender” para “reaprender”, sucessivamente, ao longo da vida! E como é
difícil libertar-nos de rotinas seguradoras, de zonas de conforto, mesmo em
espaços informais, em que, a par de manobrarmos a leveza da liberdade de sermos
quem somos e, simultaneamente, arcarmos com o peso da responsabilidade da nossa
autonomia. Esses espaços informais foram libertadores e com eles aprendi o
poder da “improvisação educativa” como diz René Barbier. Adquiri segurança
profissional que me permitiu reinventar-me a cada momento de relação a
construir com o outro, estar à escuta do outro e entrar em sintonia afetiva
aqui e agora… Momentos que tinham tanto de intensos como de efémeros… E a cada
momento criado, partíamos do lugar onde o tínhamos deixado, como que “em
suspenso”, “entre parênteses”, a aguardar por novas vindimas…
Num contexto formal, em que as
regras são ditadas por pessoas externas ao contexto educativo, em que tudo tem
normas e regulamentos que prescrevem a nossa acção e acaba por coartá-la e
asfixiá-la, a nossa liberdade fica muitíssimo cerceada e a nossa autonomia
bastante diminuída, a insegurança assola-nos de tal forma que nos paralisa, nos
tolda o pensamento, nos aniquila.
É como aprender a ser livre e
aprender a estar preso!
Durante 15 anos, aprendi a ser
livre e, 7 anos passados, aprendi a estar presa!
Pois, acho que aprendi a estar
presa! E estou aprendendo, dia após dia, ano após ano, a utilizar os
corredores de liberdade que esta prisão encerra.
É sobre estes estreitos
corredores de liberdade que agora estou, creio, em condições de analisar e
utilizar de forma libertadora. Ou seja, aprender a ser livre numa prisão!