Energias primaveris: encasular e eclodir

A propósito do post anterior em que referi “Estive quase (entre parênteses) durante uns bons anitos…”, aqui deixo-vos um poema que escrevi sobre essa sensação…


Elogio ao (entre parênteses)

Viver entre parênteses não é
Um não viver
Um suspender
Um falso viver
Um esconder

Viver entre parênteses pode ser
Viver um momento mágico
Deixar-se encantar pelos sopros anímicos da Vida
Entrar na dança do acontecer
Viver intensamente o efémero
Saborear densamente os instantes
Perscrutar os mistérios e enigmas do Mundo

Viver entre parênteses pode ser
Uma lágrima soltada
Um sorriso rasgado
Um olhar penetrante
Um piscar cintilante
Um beijo roubado
Um riso escancarado
Uma cumplicidade descoberta

Há parênteses que se partilham
E partilhas entre parênteses
Há parênteses entrecruzados
E cruzamentos entre parênteses
Há entre parênteses que se escondem
E outros que se revelam
Há parênteses públicos
E outros que são privados
Há entre parênteses que nos esvaziam
E outros que nos alimentam
Há parênteses que soluçam
E outros que sussurram

Há vidas entre parênteses
E há entre parênteses na Vida

O desafio está no saber
Abrir e fechar os parênteses
Com o que a vida nos brinda.

Mirna Val-do-Rio (2002)

A Primavera é, de facto, a estação do ano com que mais me identifico: não tivesse nascido em Abril e não tivesse casado faz hoje 34 anos  também em Abril!

E é também em Abril que se deu a Revolução que devolveu Liberdade a um país amordaçado!
Estar (entre parênteses) pode também significar o tempo necessário a cada um para se encasular – meditar - e fazer desabrochar – eclodir novas formas de vida, de pensar, de fazer, de sentir… Um tempo de renovação… Mas cuidado, não se trata de uma renovação ligada à Páscoa, pois sou convictamente ateia – mas de renovação da natureza, com toda a sua força e energia transformadora….
 
De van Gogh as Papoilas e os Girassóis, com a energia das cores que a natureza nos brinda.

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